sexta-feira, 13 de abril de 2012

Chora tucanos, PT quer a CPI do Cachoeira

"Brasil que eu quero": “CPI na falsa vestal” – artigo de Rui Falcão

 

“CPI na falsa vestal” – artigo de Rui Falcão

 Rui Falcão*
Por Rui Falcão - 12.04.12
O episódio que revelou a escandalosa participação do senador
Demóstenes Torres (ex-DEM) em uma organização criminosa merece algumas
reflexões e, olhando para o futuro, uma ação imediata.

Desde que foi constatada a cumplicidade do senador com uma gama
infindável de crimes, assistimos a uma tentativa (às vezes ridícula) de
explicação para o logro em que alguns caíram.
Como justificar que o arauto da moralidade, crítico feroz dos
governos Lula e Dilma, trabalhava e traficava informações, obtidas pelo
uso indevido do mandato, para um conhecido contraventor?
Até a psicanálise foi fonte de argumentos na tentativa vã de entender
as ligações do senador com o contrabando, o jogo ilegal, a escuta
clandestina e a espionagem todas práticas tipificadas no Código Penal.
O certo, porém, é que a veneração que setores da mídia nutriam por
Demóstenes refletia uma espécie de gratidão pela incansável luta, essa
sim verdadeira, do parlamentar contra todos os avanços sociais obtidos
pelos governos petistas.
Ressalte-se, aliás, que mesmo depois de flagrado na participação
ativa em organização criminosa, o ainda senador, fingindo ignorar o
mundo real, arvora-se a analisar, sob o crivo crítico dos tempos de
falsa vestal, ações do governo Dilma.
Mais do que uma “vendetta” contra o fanfarrão, porém, o Congresso
está diante de uma oportunidade única de desvendar um esquema que, pelo
que foi divulgado até agora, não se resume à ligação de empregado e
patrão entre Demóstenes e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
A morosidade do inquérito em algumas de suas fases e as ligações
pessoais do promotor de carreira Demóstenes Torres com membros do
Judiciário precisam ser investigadas. O mesmo se exige na apuração de
vínculos obscuros do senador com altos mandatários de seu Estado, Goiás,
bem como de sua quadrilha com veículos de comunicação. Que não se
permita a operação abafa em andamento. Que se apure tudo, até para
dissipar suspeitas.
O único caminho para o esclarecimento passa por uma CPI no Congresso,
onde alguns parlamentares também foram ludibriados pelo falso paladino
das causas morais.
Cabe à Câmara e ao ao Senado, sem nenhum espírito de corpo, aproveitar a oportunidade única de desmascarar a farsa até o fim.
Talvez, no caminho da investigação, descubramos outros pregadores da
moralidade que também se beneficiem do esquema que se abastecia das
informações colhidas e transmitidas ao chefe pelo senador Demóstenes
Torres.
A história brasileira registra outros episódios em que a pregação das
vestais serviu para embalar a defesa de interesses sempre contrários
aos da maioria da população. O falso moralismo udenista não está tão
distante.
Se a forma do engodo não é nova, cabe ao Congresso provar, com a CPI,
que o país está disposto a dar um basta a esquemas de banditismo. O
Partido dos Trabalhadores defende a instalação de CPI no Congresso e
conclama a sociedade organizada a se mobilizar em defesa da mais ampla
apuração do esquema corrupto desvendado pela Polícia Federal na Operação
Monte Carlo.
* Rui Falcão, 68, é deputado estadual (SP) e presidente nacional do PT

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