Se Luíza Erundina realmente for a vice de Fernando Haddad, a esquerda sairá com uma chapa fortíssima para a eleição paulistana. Haddad seria a cara nova, Erundina entraria com a experiência de já ter governado a metrópole, de conhecer as dificuldades administrativas e, principalmente, de saber responder positivamente aos pleitos da população mais necessitada.
Além disso, os dois se completam também no item honestidade, que hoje pesa tanto na avaliação do homem público. Até hoje não se conhece nenhum ato que desabone Haddad no longo período em que foi ministro da Educação. Podem até contestar algumas de suas realizações, mas ninguém apontou um indício sequer de qualquer tipo de irregularidade em sua gestão.
Quanto a Erundina, ela é um dos casos únicos de políticos que empobreceram na carreira.
Outro dia os jornais revelaram que o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, tem como bens um Fusca e uma chácara e doa 90% de seu salário a instituições filantrópicas. Erundina deve ter menos ainda. Não faz tempo, os amigos tiveram de organizar um jantar para arrecadar dinheiro suficiente para que ela ficasse quite com a Justiça (sic) que a condenou por ter feito propaganda irregular (sic) em sua administração - só no Brasil, com os juízes que temos, acontece algo assim...
Para fechar de vez o caixão de José Serra falta convencer o PCdoB a entrar na coligação. Não que o partido tenha tantos votos assim na capital, mas seria interessante ver novamente os três partidos - PT, PSB e ele - juntos.
Em poucos dias a campanha vai começar para valer. Com Erundina e Lula a avalizar o candidato Fernando Haddad - o melhor ministro de Educação das última décadas - ficará mais fácil afastar de vez o perigo que representa para São Paulo e o Brasil a vitória de Serra.
Se a deputada federal, dona de uma extensa biografia de luta em prol da democracia se dispuser a integrar a chapa, estará, aos 77 anos, prestando mais um serviço inestimável ao seu país.
No facebook e no twitter, o deputado Romário (PSB-RJ) rebateu ontem reportagem publicada na Veja, intitulada “Rebeldia eleitoral”. Nela a revista especula, sem apresentar provas ou ouvir o citado, que o parlamentar daria apoio ao deputado Marcelo Freixo (Psol) na eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro. O objetivo do artigo, como sempre, é o de estimular a cizânia e a intriga.
Irritado, o craque Romário bateu duro. Afirmou que a matéria é mentirosa e acusou a revista Veja de “mau-caratismo, safadeza, falta de honestidade e hombridade”. Vale a pena conferir sua mensagem no facebook:
Galera, venho aqui, através desse espaço que todos sabem que é um espaço democrático, dizer o seguinte : é mentira, mau-caratismo, safadeza e falta de honestidade e hombridade da revista Veja e, principalmente, a matéria que saiu hoje: Rebeldia eleitoral (pag. 51).
Primeiro que em nenhum momento entrei em nenhum tipo de briga ou discussão sobre a prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo, já sabia há bastante tempo, desde a eleição passada que o nosso partido já teria feito uma coligação pra majoritário, ou seja, prefeito com o PMDB do Rio de Janeiro. É mentira que fui impedido pelo presidente do PSB que, felizmente ou infelizmente, acabamos não tendo oportunidade de conversar sobre esse assunto e em relação ao presidente do partido nacional, que é hoje o governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, também não tivemos nunca uma conversa sobre isso apesar de que ele realmente não me atende há seis meses.
Em relação ao apoio ao PSOL, ou seja, candidato sério, honesto e íntegro, Marcelo Freixo, ao qual tenho grande admiração e respeito, também nunca conversamos sobre nenhum tipo de apoio. Quero dizer que as minhas ações na política foram, são e serão sempre públicas, pra que as pessoas, principalmente aquelas que me colocaram como Deputado Federal, entendam quais são as minhas ações.
O mesmo vale para o Município de Duque de Caxias que, com todo respeito, nem sei quem será o candidato do PSOL. Em relação a Prefeitura de Caxias, quero dizer que, antes de mais nada, sou PSB e, dentro da legalidade eleitoral, acredito eu que talvez isso não seja nem possível porque lá estará disputando um candidato que é, por coincidência, candidato e presidente do meu partido.
O PT apresentou requerimento para ouvir na CPI o candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), para que explique contratos da Delta firmados quando era prefeito, informa o “Painel”, editado por Vera Magalhães e publicado na edição desta segunda-feira da Folha.
O partido quer convocar também o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira, o Paulo Preto, figura incômoda para os tucanos.
A impagável, improvável e ridícula direita brasileira.
Desculpem as leitoras e os leitores pela demora.
Passei uma semana em S. Paulo, de surpresa, para participar de uma homenagem ao prof.Antonio Candido (texto no Blog da Boitempo).
Todas e todos sabem o quanto detesto gente que detesta o Brasil. Sobretudo brasileiros, esses que acham que falar mal do Brasil aqui fora pega bem e dá "lustro" de primeiro mundo a quem fala.
Não que nosso país esteja maravilhoso, só porque está melhorando - e muito. Outra coisa que detesto é o "Por que me ufano do meu país" - título de um livro que era obrigatório ler quando eu era jovem, do Conde de Afonso Celso.
Agora, temm uma coisa no Brasil que realmente dá vergonha a um brasileiro. Ou deveria dar.
É a sua direita.
Tomei contato com duas "atitudes" da direita brasileira que são impensáveis aqui na Alemanha onde vivo, e em outros países - nao só na Europa - também.
Elas só são cabíveis em nosso território onde viceja uma direita retrógrada, ao mesmo tempo submissa e arrogante, e que se julga cosmopolita mas é de um provincianismo sem par.
A primeira foi a atitude do ministro do STF Gilmar Mendes ao propor questionamentos sobre quem as empresas estatais deveriam conceder propaganda. E ainda usando como critério o exercício ou nào da crítica! Desculpem, mas isso é impensável por aqui. Um ministro do Supremo alemão que fizesse isso teria de renunciar no dia seguinte. Pressionado, inclusive, pela direita. Pela mídia. Por todo mundo de bom senso. Não há desespero que justifique tal quebra de decoro.
O mesmo ministro, é verdade, declarou tempos atrás que "o povo não é soberano nas democracias constitucionais". O assunto em pauta era o "ficha limpa". Caramba! Não sei que mestres ele anda lendo, mas certamente não leu o parágrafo único do artigo 1 de nossa Constituição Federal: "Todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição".
A segunda atitude foi do candidato José Serra à prefeitura de S. Paulo, declarando que não aumentaria o número de linhas de ônibus porque isso só causaria mais engarrafamentos. Não pude deixar de pensar que em qualquer capital aqui da Europa alguém que dissesse isso teria sua carreira imediatamente encerrada. Não se elegeria nem síndico de prédio. Mas já na nossa paulicéia de mídia desvairada, tudo continua como dantes do quartel do PSDB. Ninguém na mídia convencional tugiu nem mugiu.
Não pude deixar de considerar: sim, como faz falta no nosso país uma direita civilizada, moderna, atualizada, cidadã do mundo.
Faria muito bem para a nossa esquerda. E para o país.
Governo federal deve tirar 2 milhões de famílias da miséria até 18 de junho
Publicado em 31/05/2012
Brasília – Dados divulgados hoje pelo governo federal indicam que o país está a meio caminho de cumprir a meta de tirar 4 milhões de famílias da miséria. O resultado será atingido dia 18 de junho, quando 2 milhões de famílias situadas abaixo da linha da pobreza e com crianças de até 6 anos começam a receber o chamado Benefício de Superação da Extrema Pobreza (que faz parte do Programa Brasil Carinhoso), que assegura pelo menos R$ 70 por pessoa a famílias extremamente pobres com crianças nessa faixa etária.
O valor de R$ 70 é o limite utilizado pelo governo para fixar as metas do Programa Brasil sem Miséria, criado há um ano como a principal política social do governo Dilma Rousseff. A partir desse valor e de dados do Censo Populacional 2010, o IBGE calculou que há 16 milhões de pessoas em condições de miséria (ou 4 milhões de famílias com uma média de quatro pessoas por domicílio).
“O balanço [do Programa Brasil sem Miséria] é excelente. Nós cumprimos todas as nossas metas. Tudo aquilo que foi dito pela presidenta vem sendo cumprido”, disse a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. Restam, no entanto, outros 2 milhões de famílias (não beneficiadas pelo Brasil Carinhoso) que permanecem na miséria. A ministra garante que esse segmento da população irá ultrapassar a linha de pobreza até 2014.
“Nós temos um conjunto de ações para quem quer ter uma inserção melhor, melhorar seu emprego, melhorar seu negócio”, disse a ministra, ao lembrar de iniciativas de qualificação profissional e fomento à atividade no campo. “A pobreza não é só uma questão de renda”, acrescentou, ao ponderar que é preciso ações para “inserir as pessoas no mercado [de trabalho]”.
A localização das pessoas que necessitam de mais benefícios e a inscrição em programas sociais, mas ainda não estão registradas no Cadastro Único do Programa Bolsa Família (hoje com 13,5 milhões de famílias identificadas), está sendo feita pelo governo federal, em parceria com as prefeituras municipais em estratégias de busca ativa (nas residências das pessoas, por exemplo). Até o final do ano, Tereza Campello acredita que mais 113 mil famílias em extrema pobreza (e que ainda não são assistidas pelo Programa Bolsa Família) serão localizadas. Atualmente, 687 mil famílias extremamente pobres recebem benefícios do Programa Bolsa Família.
Conforme a ministra, o governo não sabe quantas famílias ainda precisam ser localizadas pela busca ativa, mas parte dessa população, admite, “já poderia ter o benefício há meses e até anos”, disse se referindo às dificuldades do Estado atender e fazer o registro de pessoas em grandes bolsões de pobreza. Os dados do governo indicam que três de quatro pessoas localizadas pela busca ativa estão em grandes centros urbanos.
O governo federal define como famílias em situação de extrema pobreza aquelas cuja renda familiar per capita seja inferior a R$ 70.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, comentou na manhã desta quinta-feira (31) nota publicada na coluna da jornalista Mônica Bergamo, com a informação de que foi José Serra (PSDB) quem telefonou para o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim e pediu para que ele falasse com a revista Veja.
Jobim atendeu ao pedido do amigo e só então soube da reportagem que trataria sobre o encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
"Como ele (Serra) não tem coragem de atacar Dilma e o PT, com a boa imagem que o partido tem, mal Lula se recuperou de um câncer e eles já estão indo pra cima do ex-presidente… é o jeito que eles têm de levar as coisas, fazendo campanha de desgaste", afirmou Falcão em conversa com Terra Magazine.
Gilmar Mendes disse à revista Veja que Lula tentou convencê-lo a adiar o julgamento do Mensalão, previsto para acontecer ainda este ano. Em troca, o ex-presidente teria oferecido proteção a Mendes na CPI do Cachoeira, que já esbarrou em ligações entre o ministro do STF e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Jobim diz que o conteúdo da conversa não foi o Mensalão. O ex-presidente também nega e se diz "indignado" com as declarações do ministro.
A seguir, os principais trechos da entrevista
Terra Magazine: Na coluna da Mônica Bergamo desta quinta-feira (31) saiu uma nota dizendo que foi José Serra quem pediu para Jobim atender às ligações da revista Veja. O senhor acha que foi isso mesmo que aconteceu?
Rui Falcão: Não sei se foi realmente isso que aconteceu. Eu li a nota no jornal e, como Serra é padrinho de casamento do Nelson Jobim e eles moraram juntos em Brasília na época em que foram deputados, eles realmente têm uma relação de amizade, mas não sei se o Serra seria mesmo capaz de fazer isso…
Então, o senhor não acha que ele é capaz de agir dessa forma?
Se bem que ele diz que as falhas do metrô em São Paulo são sabotagens do PT, teve também a história da bolinha de papel que ele foi atingido na campanha de 2010… realmente, há vários episódios que levam a acreditar que ele é capaz de fazer isso.
E por que José Serra teria interesse nessa história?
Como ele não tem coragem de atacar a presidente Dilma e o PT, com a boa imagem que o partido tem, mal Lula se recuperou de um câncer e eles já estão indo pra cima do ex-presidente… é o jeito que eles têm de levar as coisas, fazendo campanha de desgaste.
Há alguns dias, José Serra ligou para o ex-ministro Nelson Jobim. Pediu a ele que falasse com a revista "Veja". Jobim atendeu ao pedido do amigo -e só então soube da reportagem sobre Lula e o ministro Gilmar Mendes. Escaldado, Jobim disse não ter presenciado nada beligerante na conversa entre os dois, que ocorreu em seu escritório, em Brasília.
MEMÓRIA
Mendes afirmou à revista que Lula tentou convencê-lo a adiar o julgamento do mensalão. Em troca, teria oferecido proteção na CPI do Cachoeira. Jobim contradiz o ministro. Lula também nega.
Exame de voz destaca "segmentos fraudulentos" em fala do ministro Gilmar Mendes
O laudo de uma perícia em análise de frequência de voz aponta trechos "fraudulentos e suspeitos" na entrevista do ministro Gilmar Mendes veiculada nesta segunda-feira (28) pelo canal "GloboNews", sobre um encontro seu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na edição do último domingo (27), a revista Veja publicou reportagem em que o ministro Gilmar Mendes relata um suposto encontro entre ele, Lula e o ex-ministro Nelson Jobim no dia 26 de abril.
Análise de voz aponta fraudes em entrevista de Gilmar Mendes
Segundo Mendes, o ex-presidente teria insinuado que poderia protegê-lo na CPMI do Cachoeira, que investiga a relação entre políticos e agentes públicos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, em troca do adiamento do julgamento dos envolvidos no mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal). O escândalo do mensalão, que deve ser julgado em agosto próximo, envolveu pagamentos a parlamentares da base aliada do então presidente Lula em troca de aprovação de projetos no Congresso Nacional.
À emissora de TV, Mendes confirmou o teor da conversa que teria travado com Lula.
Na análise de um total de 3 minutos de trechos da entrevista, foram detectadas 11 ocorrências de "alto risco", cinco de "provável risco" e duas de "baixo risco".
"Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo", afirma o perito responsável pela análise, Mauro Nadvorny.
Nadvorny é diretor-presidente da empresa Truster Brasil, que produz a tecnologia que detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz.. De acordo com Nadvorny, esses fatores permitem situar declarações em uma escala de veracidade.
O laudo indicou "alto risco" de fraude nos trechos em que o magistrado diz que o mensalão "entrou na pauta das conversas", que "o presidente tocou várias vezes na questão da CPMI" e no trecho em que Mendes diz ter "nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes".
Veja a seguir alguns dos trechos da entrevista de Gilmar Mendes considerados "fraudulentos e suspeitos" pelo laudo de Nadvorny, acompanhados da conclusão do perito:
Gilmar Mendes: “Este assunto entrou na pauta das conversas”
De acordo com a análise do software, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que o assunto (mensalão) entrou na pauta das conversas.
Gilmar Mendes: “E aí o presidente disse da importância do julgamento do mensalão, que se possível não se julgasse esse ano porque não haveria objetividade”
De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes está sendo verdadeiro quando afirma que o presidente Lula teria dito que não haveria objetividade. Não é possível concluir que ele tenha dito algo sobre a importância do julgamento não acontecer este ano.
Gilmar Mendes: “O presidente tocou várias vezes na questão da CPMI, desenvolvimento da CPMI, o domínio que o governo tinha sobre a CPMI”
De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que o presidente Lula tocou no assunto da CPMI.
Gilmar Mendes: “Então eu disse a ele: ‘com toda franqueza, presidente, eu vou lhe dizer uma coisa, parece que o senhor está com alguma informação confusa’”
De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes está sendo verdadeiro quando afirma que disse ao presidente Lula que ele estava com uma informação “confusa”.
Gilmar Mendes: “ 'O senhor não está devidamente informado, eu não tenho nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes”
De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que não tem nenhuma relação com a matéria da CPMI.
Gilmar Mendes: “Aí então eu esclareci a viagem de Berlim, (...) me encontrara com o senador em Praga porque isso foi agendado previamente, ele tinha também uma viagem para Praga, então nos deslocamos até Berlim. Eu vou um pouco a Berlim, como o senhor vai a São Bernardo
De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que se encontrou com o senador (Demóstenes) em Praga para ir a Berlim (para visitar sua filha) numa viagem previamente agendada.
Gilmar Mendes: “Claro que houve a conversa sobre o Mensalão, o Jobim sabe disso”
De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes muito provavelmente não está sendo verdadeiro quando afirma que a conversa existiu e que Jobim sabe disso.
Procurado pelo UOLpara comentar o laudo, o ministro Gilmar Mendes não se manifestou até agora.
Equipamento
A análise de Nadvorny foi feita voluntariamente, com o software de análise de voz da Truster Brasil, o mesmo usado pelos serviços de inteligência das polícias do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.
"A tecnologia faz uma varredura em todo o arquivo de voz para estabelecer uma linha básica e aponta os techos em que a fala foge dessa linha, o que indica, em diferentes graus, que a pessoa não está sendo verdadeira", diz Nadvorny.
Segundo ele, nos trechos em que o programa aponta "alto risco", há praticamente certeza de que a pessoa está mentindo. "Isso porque a natureza humana não é construída para mentir. Quando a pessoa mente, ela está sob estresse", afirma.
Na sua narrativa, ele simplesmente desmentiu a revista Veja, e mostrou-se inseguro com a CPI do Cachoeira.
A repórter pergunta:- Em algum momento [houve] a situação realmente de oferecer uma blindagem em relação às investigações que ocorrem no caso Carlinhos Cachoeira?
Gilmar desmente a Veja:- NÃO! A questão não se coloca dessa forma...
Até este fim de semana, a posição majoritária era de poupar a revista nas investigações da CPI do Cachoeira. Isso deve mudar, pelo menos entre os deputados petistas, que agora voltam a falar na convocação de Roberto Civita e Policarpo Júnior
28 de Maio de 2012 às 06:06
Minas 247 - A entrevista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, à revista Veja, pode acabar tendo efeito contrário ao desejado. A CPI do Cachoeira, que caminhava para uma acomodação, pode radicalizar-se. O 247 apurou que vários parlamentares federais do PT estão profundamente contrariados com o que chamam de “armação” da revista contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e líder do partido.
Segundo a Veja, Lula teria pressionado Mendes a protelar o julgamento do mensalão para não prejudicar o PT nas eleições municipais deste outubro. Segundo o ministro do STF, o ex-presidente teria insinuado a possibilidade de blindá-lo na CPI em troca do adiamento do julgamento do mensalão. Mendes já foi desmentido pelo ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, que participou da conversa relatada pela revista.
Como quase sempre ocorre, os deputados do PT não querem se apresentar publicamente, ao menos por enquanto, por temerem represália da revista. Mas eles vêem “inconsistências” na denúncia de Veja. Em primeiro lugar, estranham que Lula tenha procurado justamente Gilmar Mendes para negociar o atraso no julgamento dos mensaleiros. Nomeado para o Supremo por Fernando Henrique Cardoso, Mendes não é relator do processo do mensalão (Joaquim Barbosa), nem revisor (Ricardo Lewandowski) ou presidente do STF (Ayres Brito). A negativa enfática de Nelson Jobim também trabalha contra a veracidade da denúncia, segundo eles. Jobim é amigo e ex-colega de Mendes no Supremo. Poderia, pelo menos, sair pela tangente quando consultado sobre a reunião com Lula, mas optou por uma negativa categórica: “De forma nenhuma, não se falou nada disso”. Jogou o colega em maus lençóis.
Um outro aspecto lembrado é que, ao contrário de denúncias anteriores, a deste fim de semana não teve tanta repercussão nos outros meios de comunicação. Pelo contrário, repercutiu mais a negativa de Jobim dada ao jornal O Estado de S. Paulo do que a própria fala de Gilmar Mendes. O mesmo Mendes, no penúltimo ano do segundo mandato de Lula na presidência, afirmou, à mesma Veja, ser vítima de grampo em conversas com o senador Demóstenes Torres - até hoje o áudio dessa escuta não apareceu.
O sentimento dominante na bancada petista é de que a Veja estaria jogando suas últimas cartadas na tentativa de desmerecer a CPI do Cachoeira, na visão dela uma jogada de Lula para acorbertar o mensalão.
Não há deputado ou senador petista que acredite na nova denúncia da revista, pelos motivos expostos acima e pelo histórico de Veja contra Lula e o PT. Até este fim de semana, a posição era de moderação em relação à possibilidade de chamar o jornalista Policarpo Júnior, chefe da sucursal da publicação em Brasília, e o dono da revista, Roberto Civita, para prestarem depoimentos à CPI. Agora, depois da denúncia de Gilmar Mendes, essa posição corre risco.
O tiro de Veja contra Lula saiu pela culatra: vai radicalizar uma CPI que dava sinais de esgotamento e reforçar a posição de quem defende que as investigações não poupem nenhum lado, incluindo os meios de comunicação.
"Não houve conversa nenhuma", diz Nelson Jobim sobre suposta pressão
Ex-ministro foi anfitrião de encontro entre ex-presidente Lula e ministro Gilmar Mendes
Anfitrião do encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou a Zero Hora que em algum momento o petista tenha pedido o adiamento do julgamento do mensalão.
Segundo Jobim, a conversa entre eles durou cerca de uma hora, na manhã do dia 26 de abril, em seu escritório em Brasília. O ex-ministro foi enfático ao afirmar que o ex-presidente jamais fez qualquer proposta a Mendes envolvendo o mensalão e disse que negou à revista Veja que esse tenha sido o teor da conversa.
Jobim falou com ZH no domingo à tarde, por telefone, enquanto se dirigia ao aeroporto, no Rio, de onde regressaria a Brasília.
Zero Hora — Lula pediu ao ministro Gilmar Mendes o adiamento do julgamento do mensalão? Nelson Jobim — Não. Não houve nenhuma conversa nesse sentido. Eu estava junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse sentido.
ZH — Sobre o que foi a conversa? Jobim — Foi uma conversa institucional. Lula queria me visitar porque eu havia saído do governo e ele queria conversar comigo. Ele também tem muita consideração com o Gilmar, pelo desempenho dele no Supremo. Foi uma conversa institucional, não teve nada nesses termos que a Veja está se referindo.
ZH — Por quanto tempo vocês conversaram? Jobim — Em torno de uma hora. Ele (Lula) foi ao meu escritório, que fica perto do aeroporto.
ZH — Em algum momento, Lula e Mendes ficaram a sós? Jobim — Não, não, não. Foi na minha sala, no meu escritório. Gilmar chegou antes, depois chegou Lula. Aí, saiu Lula e Gilmar continuou. Ficamos discutindo sobre uma pesquisa que está sendo feita pelo Instituto de Direito Público, do Gilmar. Foi isso.
ZH — Depois que Lula saiu, o ministro fez algum comentário com o senhor sobre o teor da conversa? Jobim — Não. Não disse nada. Só conversamos sobre a pesquisa, para marcar as datas de uma pesquisa sobre a Constituinte.
ZH — Lula pediu para o senhor marcar um encontro com Mendes? Jobim — Sim. Ele queria me visitar há muito tempo. E aí pediu que eu chamasse o Gilmar, porque gostava muito dele e porque o ministro sempre o havia tratado muito bem. Queria agradecer a gentileza do Gilmar. Aí, virou essa celeuma toda.
ZH — Há quanto tempo o encontro estava marcado? Jobim — Foi Clara Ant, secretária do Lula, quem marcou. Lula tinha me dito que queria me visitar há um tempo atrás. Um dia me liga a secretária, dizendo que ele iria a Brasília numa quarta-feira (25 de abril) e que, na quinta, queria me visitar e ao ministro Gilmar. Ele apareceu lá por volta das 9h30min, 10h. Foi isso.
ZH — Se não houve esse pedido de Lula ao ministro, como se criou toda essa história? Jobim — Isso você tem de perguntar a ele (Gilmar), e não a mim.
ZH — O senhor acha que Mendes pode estar mentindo? Jobim — Não. Não tenho nenhum juízo sobre o assunto. Estou fora disso. Estou te dizendo o que eu assisti.
ZH — Veja disse que o senhor não negou o teor da suposta conversa. Por que o senhor não negou antes?
Jobim — Como não neguei? Me ligaram e eu disse que não. Eu disse para a Veja que não houve conversa nenhuma.
A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem sustentação a materias prontas contra o governo, o PT, os movimentos sociais e agendas progressistas teve a credibilidade ferida de morte com as revelações do caso Cachoeira.
VEJA sangra em praça pública.
Mas na edição desta semana, tenta um golpe derradeiro naquela que é a sua especialidade editorial: um grande escândalo capaz de ofuscar a própria deriva.
À falta dos auxilares de Cachoeira, recorreu ao ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que assumiu a vaga dos integrantes encarcerados do bando para oferecer um 'flagrante' a VEJA. Desta vez, o alvo foi o presidente Lula.
A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa entre ele e o ex-presidente da República, na cozinha do escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar Mendes --sempre segundo a revista-- acusa Lula de tê-lo chantageado com ofertas de 'proteção' na CPI do Cachoeira.
Em troca, o amigo do peito de Demóstenes Torres (com quem já simulou uma escuta inexistente da PF) deveria operar para postergar o julgamento do chamado 'mensalão'.
Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu cabalmente a versão da revista e a do magistrado.
Literalmente, em entrevista ao Estadão, Jobim disse: 'O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão; tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha); o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", reiterou.
A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero; possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto demais de promover uma devassa em circuitos e métodos que remetem às entranhas da atuação de Mendes e VEJA nos últimos anos.
Foram para o tudo ou nada no esforço de mudar o foco e criar um fato consumado a precipitar o julgamento do chamado 'mensalão'. Jogaram alto na fabricação de uma crise política e institucional.
O desmentido de Jobim nivela-os à condição dos meliantes já encarcerados do esquema Cachoeira.
Quando Gilmar "Dantas" Mendes e Veja/Cachoeira se unem, corra que o negócio fede, viram a ultima?
"Do que tem medo o ministro Gilmar Mendes?"
“Não durou nem 24 horas a notícia bombástica de Veja, dando conta de que o ex-presidente Lula teria pressionado o ministro do STF a postergar o julgamento do mensalão em troca de blindagem na CPI; o motivo para a “chantagem” seria a viagem de Gilmar a Berlim, na data em que lá estiveram Demóstenes e Cachoeira; Jobim negou e deixou claro: tem caroço nesse angu"
Gilmar "Dantas" Mendes nadou na Cachoeira junto com a Veja.
Esse é o medo.
Essa é a quadrilha que quer dar o golpe de estado: Tucanos, Gilmar Mendes, Cachoeira/Veja.
Para se expor dessa maneira, só há uma explicação para a atitude do Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal): tem culpa no cartório.
Gilmar participou de duas armações anteriores com a revista Veja: o “grampo sem áudio” (junto com seu amigo Demóstenes Torres) e o falso grampo no Supremo.
No primeiro caso, pode ter participado sem saber. No segundo foi partícipe direto.
Como se recorda, a revista abriu capa com a informação de que havia sido detectada escuta em uma das salas do Supremo. Serviu para uma enorme matéria sobre a “república do grampo” e para a prorrogação da CPI. Tudo com o objetivo de derrubar a Operação Satiagraha.
Era falso. O relatório da segurança do Supremo – entregue à revista por pessoas ligadas à presidência do órgão – não indicava nada.
Era um relatório banal, que havia captado alguns sinais de fora para dentro. Entregue à CPI, o relatório foi publicado aqui e em pouco tempo engenheiros eletrônicos desmontaram a farsa: como é possível um grampo que capta sinais de fora para dentro? Era isso o que o relatório indicava. O mais provável é que fosse um mero sinal de alguma externa de emissora de televisão. E Gilmar-Veja conseguiram, com essa armação, prorrogar uma CPI!
Nenhum especialista em grampo cairia nessa confusão. Gilmar ou seus homens apenas seguiram o roteiro tradicional da revista para criar escândalo: uma verdade irrelevante (a captação de sinais de fora para dentro), a ocultação do fato relevante (sinais de fora para dentro não têm nenhum significado) e, pronto!, mais um escândalo fabricado - impossível de ser desmentido, já que o acordo com a velha mídia colocava uma barreira de silêncio a todos os abusos da revista.
Àquela altura, Veja mostrava seu enorme despreparo para entender as novas mídias. Não se deu conta de que a blogosfera tinha se convertido em uma alternativa eficaz contra pactos de silêncio. E a denúncia da armação foi difundida.
Agora, com as redes sociais em plena efervescência, com os métodos da revista sendo progressivamente questionados, tenta-se essa jogada, que lança Gilmar Mendes no centro do vulcão.
O que o levou a essa provável armação é óbvio: medo da CPI. Pela matéria da revista, fica-se sabendo que o fato que o ameaça teria sido uma suposta viagem à Alemanha bancada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Na matéria, Gilmar desmente, afirma que vai para a Alemanha como Lula vai a São Bernardo. E diz ter condições de comprovar que pagou as despesas. Que mostre, então (a revista não mostra os comprovantes).
Tem mais.
Até hoje não deu as explicações devidas pelo factóide do tal grampo no Supremo. Quem armou a jogada? Foi o chefe de segurança que contratou e que era especialista em grampos? Foi seu chefe de gabinete? Foi o assessor de comunicação do Supremo?
NO dia 30 de abril de 2011, o Estadão divulgou nota informando que Gilmar Mendes contratara, para o STF, o araponga Jairo, homem de confiança de Cachoeira.
Aliás, o próprio Supremo – não fosse o corporativismo rançoso – há muito deveria ter cobrado explicações de seu então presidente. Os mais altos magistrados do país comportam-se como qualquer juiz que não quer julgar, “porque isso não é comigo”, ou procurador que testemunha uma grave ofensa a interesses difusos, mas não se julga responsável por atuar, por não ter sido provocado.
E é a imagem da Suprema Corte que está em jogo, da qual cada Ministro deveria se sentir responsável.
Com seu açodamento, falta de limites e de respeito pela casa, nunca houve Ministro do STF como Gilmar Mendes.
Talvez apenas Saulo Ramos conseguisse superá-lo - caso tivesse sido indicado por José Sarney.
Um fato e duas versões. Em "furo" de reportagem, a Revista Veja revela um encontro de Lula com Gilmar Mendes no escritório de Nelson Jobim em Brasília. A conversa foi tenebrosa, pelo que se lê na revista. Indignado com o assédio, Gilmar Mendes, num gesto de coragem, confirmou tudo à revista.
Pois bem, acabo de falar com o anfitrião do encontro, Nelson Jobim, que está neste momento passeando por uma feira em Itaipava, em companhia da mulher Adrienne e de amigos do casal. Jobim confirma o encontro, mas nega seu conteúdo. Eis o resumo do seu relato à Radio do Moreno;
Conteúdo da conversa: ---- Não houve nada disso do que a Veja, segundo me informaram, está publicando. Estou aqui em Itaipava e soube desse conteúdo através de um repórter do Estadão, que me procurou há pouco. Portanto, estou falando sem ter lido a revista. Mas, posso assegurar que, se o conteúdo for mesmo esse, o de que Lula teria pedido a Gilmar para votar no mensalão, não é verdade. Quem tocou no assunto mensalão fui eu, no meio da conversa, fazendo a seguinte pergunta: " Vem cá, essa coisa do mensalão vai ser votada quando?". No mais, a conversa girou sobre assuntos diversos da atualidade."
Razão do encontro: ' ---- Desde que deixei o ministério, o presidente Lula tem me prometido uma visita. Três dias antes, a assessora Clara Ant me ligou dizendo que o presidente Lula iria a Brasília conversar com a presidente Dilma numa quarta-feira e que retornaria no dia seguinte, mas antes queria falar comigo. De pronto, respondi que o encontro poderia ser na minha casa, no meu escritório ou em qualquer outro lugar que o presidente quisesse. Lula optou pelo meu escritório, não só porque tinha prometido conhecê-lo, mas, também, porque fica perto do aeroporto. E assim ocorreu."
Presença do Gilmar --- O Gilmar e eu estamos envolvidos num projeto sobre a Constituição de 88 e temos nos reunidos sistematicamente para tratar do assunto. Por coincidência, o Gilmar estava no meu escritório, quando o presidente Lula apareceu para a visita. Conversaram cerca de uma hora, mas só amenidades. Em nenhum momento, Lula e Gilmar conversaram na cozinha. Aliás, Lula não esteve na cozinha do escritório.
Repercussões do fato --- Agora, não posso controlar as versões, especulações, que a mídia e as pessoas fazem desse encontro. Faz parte do jogo. O que eu posso dizer é que não houve nada disso.
Diante do relato de Jobim, eu, como repórter crédulo, diante de fonte tão idônea, poderia me dar por satisfeito e fazer um texto jornalisticamente convencional, tipo " Jobim nega pressão de Lula" ou, como nós furados gostamos de fazer, com muita satisfação: " Jobim DESMENTE a Veja".
Mas, durante a conversa, eu notei a voz estranha do Jobim. Ele estava cumprindo um rito, um protocolo, um dever de anfitrião de evitar mais constrangimento a si e a outros atores do espetáculo. Os bons repórteres, como os meninos da Veja, Cabral á frente, são uma espécie de Eike Batista às avessas: "Vazou, furou". Com a notícia na rua, o encontro secreto de Jobim, que tinha um proposito, pode ter outro, o de tentativa de coação de juíz ou coisa que valha. Seria coerção? sei lá.
Nelson Jobim, meu velho amigo de guerra, não ia me deixar na mão. Repito, como anfitrião, não poderia confirmar o escândalo. Mas me deu uma pista através de um controvertido depoimento. Inicialmente, me disse que a presença de Gilmar foi mera coincidência, do tipo " ah, eu estava passando por aqui...". Só que o próprio Jobim deixou escapar que o encontro fora marcado com três dias de antecedência. Logo, Gilmar sabia que naquele horário daquela quinta-feira, Jobim estaria recebendo Lula. Então, não foi surpresa nem coincidência coisa nenhuma.
E deixo pra botar no pé, o fim do mistério. Amiga minha, de Diamantino (MT), terra de Gilmar Mendes, a meu pedido, localiza Gilmar. E se atreve a perguntar se era tudo verdade:
---- Claro que é! Eu mesmo confirmei tudo à revista.
De acordo com o senador Pedro Taques, o escritório do hoje subprocurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que foi o chefe do Ministério Público durante o governo Fernando Henrique Cardoso, recebeu R$ 161 mil do bicheiro. Senador Pedro Taques pede explicações
Geraldo Brindeiro foi chefe do Ministério Público durante a gestão FHC
O escritório de advocacia do subprocurador-geral da República Geraldo Brindeiro recebeu R$ 161.279,85 de Geovani Pereira da Silva, contador do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A informação foi passada nesta quinta-feira (24) pelo senador Pedro Taques (PDT-MT).
De acordo com o pedetista, a transação financeira está dentro do inquérito da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A análise dos peritos contábeis da Polícia Federal encontrou cinco transferências do contador para a conta do escritório Morais, Castilho e Brindeiro Sociedade de Advogados.
Elas foram nos valores de R$ 5.266,45, R$ 76.000,00, R$ 13,40 e duas de R$ 40.000 (quarenta mil reais). “Considerando que o subprocurador-geral é membro da Sociedade de Advogados Morais, Castilho e Brindeiro, penso que é necessário obtermos maiores informações envolvendo essa transação financeira”, disse Taques.
Ele apresentou hoje um requerimento pedindo mais informações sobre a transação financeira. Por enquanto, não existe um pedido de convocação do membro do Ministério Público, que foi o procurador-geral da República durante os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o portal G1, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,disse que vai analisar as informações dadas pelo senador matogrossense, que é procurador da República licenciado.
Por que Engavetador?
De 626 inquéritos criminais que Geraldo Brindeiro recebeu enquanto Procurador-Geral da República, engavetou 242 e arquivou outros 217. Somente 60 denúncias foram aceitas. As acusações recaiam sobre 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e quatro ao próprio presidente FHC. Por conta disso, Brindeiro recebeu o jocoso apelido de “engavetador-geral da república”
Arquivamentos históricos de Geraldo Brindeiro
Uma das maiores obras de Geraldo Brindeiro, no Governo FHC, foi engavetar a Pasta Rosa, onde se encontrava uma parte da República que, hoje, repousa nos HDs, CDs e pendrives que o inclito delegado Protógenes Queiroz encontrou atrás da parede falsa do Daniel Dantas. Outra engavetação providencial foi livrar o ex-senador Arthur Virgilio (PSDB-AM) da cadeia.
O Conversa Afiada reproduz os documentos coligidos pelo Stanley Burburinho, que faz pertinente pergunta: o Cachoeira também plantava no jornal nacional ?
A bancada ruralista, que se jactava da sua força no Congresso Nacional, foi a grande derrotada nesta terça-feira (22) na votação da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001 contra o trabalho escravo. Foram 360 votos a favor da PEC, 29 contrários e 25 abstenções. A proposta prevê o confisco das propriedades que exploram o trabalho escravo, destinando-se as terras à reforma agrária e ao uso social urbano. Ao final da votação, emocionados, os deputados cantaram o Hino Nacional no plenário da Câmara Federal.
Desde 1995, quando teve início a fiscalização das propriedades denunciadas pelo uso de trabalho análogo à escravidão, mais de 42 mil pessoas foram "resgatados" pelas equipes do Ministério do Trabalho. A maior incidência deste crime abjeto se deu no campo. Mas também foram denunciados vários casos em cidades, inclusive entre empresas de grife de utilizam firmas terceirizadas - como a famosa multinacional Zara.
A bancada ruralista, liderada pela senadora Kátia Abreu e pelo deputado Ronaldo Caiado, fez de tudo para evitar a aprovação da PEC. Ela conseguiu adiar a votação, mas não conseguiu impedir a fragorosa derrota. Agora a PEC será novamente debatida e votada no Senado.
Muitos serão os desafios que Dilma enfrentará; não sabemos quanta fortuna terá, mas que terá 'virtù'
Primeiro, foi a demissão de ministros comprometidos com a corrupção; depois, a firmeza que vem mostrando em baixar os juros, enfrentando para isso muitos interesses, inclusive os dos seus eleitores, pequenos poupadores; há alguns dias, foi o discurso na instalação da Comissão da Verdade em que fez uma bela defesa dos direitos humanos e do seu caráter suprapartidário; agora, é sua decisão histórica de, aplicando a Lei de Acesso à Informação, publicar os salários dos servidores do Executivo.
Todos atos que mostram coragem e firmeza, sugerindo que a presidente brasileira é uma estadista em construção.
Sua decisão que me levou a esta conclusão foi a da última semana -a de tornar pública a remuneração dos servidores públicos. Saber quanto recebem os servidores públicos eleitos e não eleitos é um direito inconteste dos cidadãos. Mas é um direito que sempre foi negado aos brasileiros.
Quando fui ministro da Administração Federal, decidi publicar os vencimentos dos servidores públicos no "Diário Oficial". Caiu uma tempestade sobre mim. Servidores indignados vieram me falar sobre seu "direito à privacidade".
Nas democracias, em relação ao dinheiro público, não há direito à privacidade; não há o "direito" de receber valores absurdos que nada têm a ver com o nível de seu cargo.
Alguns poderão dizer que meu entusiasmo em relação à presidente é apressado. De fato, é cedo para dizermos que Dilma Rousseff preenche as condições muito raras que definem um estadista. Mas estou dizendo que ela está "se construindo" como estadista. Ela está demonstrando a firmeza e a coragem que são necessárias.
Mas não basta isso. Conforme disse classicamente Maquiavel, além da "virtù", o príncipe necessita da fortuna. "Virtù" não significa apenas virtude, e sim competência para governar, discernimento ao tomar decisões, capacidade de fazer compromissos e, finalmente, bom êxito em seu governo. O que depende também da sorte -da fortuna.
Estadista é o governante que tem a visão do todo, olha para o futuro e tem a coragem de buscá-lo, confrontando os interesses de muitos, inclusive dos seus seguidores. É quem conhece seu país, sabe quais são seus grandes problemas e contribui para resolvê-los.
Os estadistas são geralmente identificados nas guerras em defesa de seu país, mas podem sê-lo em momentos decisivos de seu desenvolvimento econômico e social.
O estadista brasileiro do século 20 foi Getúlio Vargas, porque comandou a revolução nacional e industrial brasileira. A presidente Dilma poderá ser uma nova estadista, agora em um contexto democrático, se lograr vencer os dois grandes males brasileiros: a corrupção de suas elites e a armadilha da alta taxa de juros e do câmbio sobrevalorizado.
Em seu discurso na instalação da Comissão da Verdade, a presidente declarou: "A verdade é algo tão surpreendentemente forte que não abriga nem o ressentimento, nem o ódio, nem tampouco o perdão... é, sobretudo, o contrário do esquecimento". Deixo essa bela frase como fecho desta coluna. Muitos serão ainda os desafios que Dilma terá que enfrentar; não sabemos quanta fortuna terá, mas já sabemos que terá "virtù".
Novos áudios da Operação Monte Carlo que vazaram na internet complicam ainda mais a situação do jornalista da revista Veja Policarpo Júnior, gravado pela Polícia Federal em ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e citado pelo grupo do contraventor em dezenas de diálogos.
As gravações são de 10 de maio de 2011. Em diferentes trechos, Cachoeira conversa com o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, deixando claro que Policarpo sabia da ligação do contraventor com a Delta. Mas, segundo Cachoeira, Policarpo não iria divulgar nada porque a intenção era mostrar outra questão ligada à empresa.
Em um dos trechos, Cachoeira diz que Policarpo não os "colocaria em roubada" e que ele "sabia de tudo" sobre a relação de Cláudio Abreu, a Delta e o bicheiro.
— O Policarpo é o seguinte: ele não alivia nada, mas também não te põe em roubada, entendeu? Eu falei, eu sei, ó: “Inclusive vou te apresentar depois, Policarpo, o Cláudio, eu sou amigo”, eu falei que era amigo do cê de infância. E ele: “Então, ele trabalha na sua empresa”, falou assim, “vai me contar que você tem ligação com ele”. Ele [Policarpo] sabia de tudo. “Eu não vou esconder nada de você não, Policarpo, o Cláudio é meu irmão, rapaz”.
O jornalista não teria interesse em publicar essa informação. A intenção dele era mostrar que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu havia ajudado a Delta a “entrar em Brasília” durante a gestão do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
Policarpo teria ficado sabendo por uma fonte fora do grupo de Cachoeira que houve uma reunião em Itajubá (MG) e estaria atrás de um flagrante da entrega de "dinheiro vivo". O bicheiro, entretanto, negou que tenha ocorrido essa reunião e desmentiu a informação.
No final de semana anterior, a revista Veja publicou a reportagem “O segredo do sucesso”, em que vinculava o crescimento da empresa Delta à consultoria de José Dirceu.
Segundo Cachoeira, no diálogo gravado pela PF, Policarpo o consultava porque confiava nele.
— Aquela hora eu tava com Policarpo, rapaz. Antes do almoço ele me chamou para conversar. Mil e uma pergunta, perguntou se a Delta tinha gravação, defendi pra caralho vocês, viu. [...] O Policarpo, ele confia muito em mim, viu? Vô ter que mostrar a mensagem que ele mandou antes, 10 horas da manhã para me encontrar aqui em Brasília, eu tava aqui fui me encontrar com ele.
Mesmo diante da resposta de que Cachoeira teria defendido a empresa, Cláudio Abreu pergunta:
— O cara vai aliviar pra cima da gente?
O bicheiro então confirma que "a história" que Policarpo queria era outra e pede que o ex-diretor da Delta esqueça o assunto.
– Não, não fala que eu te falei tá? Mas a história tá em cima de Itajubá, tá na reunião, que aquilo lá já deu, esquece, ô, Claudio, esquece, falei mil e uma coisa.
Procurada pela reportagem do R7, a revista Veja disse que não vai comentar o assunto.
Em oututro de 2010, inconformada com a vitória de Dilma Rousseff na eleição presidencial, a estudante paulista Mayara Petruso escreveu no twitter: “Faça um favor a SP: afogue um nordestino!”
Julgada na semana passada, ela não foi enquadrada por crime de racismo, que a levaria a passar um mínimo de dois anos e cinco de prisão. Ficou com uma pena mais leve, de um ano e meio.Isso lhe permitiu trocar a prisão por R$ 500 mais serviços comunitários. É o racismo por menos que um salário mínimo.
Não sou daquelas pessoas que acham que penas mais duras são um santo remédio para a discriminação, a violência, os desvios de comportamento e outros males da vida contemporânea.
Muitas vezes, isso é apenas demagogia para impressionar o eleitor desavisado.
Mas essa sentença tem um problema conceitual. Admite trocar uma ofensa à dignidade de milhões de brasileiros por um punhado de reais.
É uma estranha mensagem, vamos combinar.
Punir pessoas por crimes racistas é um ato tão difícil que o craque Grafite, do São Paulo, que foi chamado e “macaco” e “negro de merda” num jogo de futebol desistiu de levar o caso adiante, disse ele à repórter Solange Azevedo. Seu agressor, um jogador argentino, chegou a ser detido depois do jogo mas nada mais lhe aconteceu.
Muitas condenações até chegam até a Justiça, passam na primeira instância mas um número acima de qualquer padrão acaba caindo na segunda, informa uma reportagem da mesma Solange Azevedo.
Encarregado de apurar o caso de um garoto de seis anos expulso de uma pizzaria do Paraíso, em São Paulo, o delegado do bairro admitiu, em entrevista, que a lei oferece muitas portas e janelas para um agressor escapar impunemente. A simples tipificação de racismo exige que se faça uma ofensa de caráter coletivo.
É mais difícil demonstrar que isso aconteceu com o garoto da pizzaria.
Mas foi exatamente isso que fez a estudante que queria afogar nordestinos. Mesmo assim, livrou-se de uma punição maior por R$ 500. Menos que um fim de semana de férias em Porto Galinhas.
Ficou uma mensagem de tolerância com este crime, sutil mais real. Ao noticiar a punição da estudante, os jornais omitiram um dado essencial neste episódio. Um deles fez questão de lembrar que “os maiores índices de votação de Dilma foram registrados no nordeste.”
É claro que ninguém diz que a arrependida estudante tinha razão em sua reação destemperada mas o tratamento recebido abre caminho para outras reflexões.
Quem vai negar que o desenvolvimento econômico dos últimos anos privilegiou o nordeste? E quem vai negar que o governo Lula sempre foi mais popular no Nordeste do que no Sul e Sudeste? Aliás: onde foi mesmo que Lula nasceu? Quem vai negar que a eleição teve mesmo um caráter de disputa regional?
Quem sabe, segue o raciocínio ilustrado, a nossa estudante tenha até exagerado um pouco na linguagem mas será que não tocou num problema real?
E aí se vê o absurdo do absurdo, o preconceito do preconceito.
Ao contrário do que sugere o twitter naufragado, a vitória de Dilma em 2010 bastante ampla. Ela ganhou com folga no Nordeste e no Norte mas teria sido eleita mesmo sem os votos dessa região.
O país mudou e muita gente não percebeu.
Mayara não é a única que não entendeu nada. Muitas gente não enxerga as mudanças e acha que é possível tratar brasileiros como cidadãos de segunda classe. Essa é a lição política do episódio.