quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PSDB acabando com a saúde paulista

A crise de um símbolo da educação e da saúde paulista | Brasilianas.Org

 

A crise de um símbolo da educação e da saúde paulista


Em 1998 escrevi uma colun a na Folha sobre o Hospital das Clínicas de São José do Rio Preto e a Faculdade de Medicina. Era exemplar, dando banhos de eficiência no HC de São Paulo.

A coluna chacoalhou o governo do Estado e, na época, o Secretário de Saúde me ligou pedindo que conversasse com gestores que tentavam modernizar o HC. A tentativa foi um fracasso, pois havia resistência de quase todos os departamentos às práticas modernizantes.

Agora, vem a informação do comentarista Matheus que a experiência excepcional do HC e da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto esbarra no descaso do governo estadual.

Por Matheus

POR FAVOR PRESTEM ATENÇÃO!!!

VENHO FALAR PARA TODOS OS BLOGUEIROS SUJOS PROGRESSISTAS E SEUS LEITORES:

Atenção nesse post e ajudem a divulgar essa importante mensagem!

Esse é um dos gritos da situação da educação nesse país!

A FAMERP (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), vinculada ao Hospital de Base de São José do Rio Preto (Hospital Universitário e um dos mais importantes do estado e do país) está há 17 anos, desde sua estadualização, numa situação lastimável devido ao descaso do governo tucano desde Mário Covas, o que continuou nas gestões de Serra e Alckmin (por 2 vezes). 

Hoje, 4 de outubro de 2011, ocorreu uma grande reunião entre todos os alunos, funcionários, professores e membros da diretoria. O desfecho será a paralisação. Principalmente se o governo do Estado de São Paulo continuar a ignorar os apelos e reinvidicações da faculdade. E é de acordo entre todos os presentes que se dará em cerca de 15 dias, caso não haja uma posição concreta do estado.

Há uma tentativa concreta de mobilização. Tanto por parte da diretoria da faculdade e do hospital, como dos alunos e funcionários. No twitter, a hashtag "#famerpagoniza" foi criada para divulgar os fatos, a imprensa da região e do estado está sendo contatada. Tudo para garantir que o governo estadual não continue a ignorar-nos.

Tomo a liberdade de postar aqui a carta que um dos alunos enviou ao CQC da Band, nessa missão de tentarmos ser ouvidos:

" Flávio Henrique De Simoni - Olá CQC! Sou estudante de Medicina da Faculdade Estadual de Medicina de São José do Rio Preto(FAMERP). Acompanho há muito o programa de vocês e venho aqui por um apelo de mais de 600 estudantes e por uma geração de professores e médicos que já se exauriram com o descaso governamental para com a nossa Instituição. Primeiramente, vou lhes apresentar um pouco de nossa realidade: A FAMERP, até 1994 era uma instituição de Ensino privada, sendo estadualizada durante o Governo Fleury no estado de São Paulo. Fazemos parte hoje de uma das 5 faculdades de Medicina estaduais de São Paulo. Entretanto, desde nossa estadualização, a FAMERP tem sofrido com um descaso absurdo por parte do Governo do Estado. Tivemos cortes de verbas seguidos e sobrevivemos hoje com uma miséria de custeio por parte do Governo, que por diversas vezes tem negado em nos receber e resolver nossos problemas. A verba que temos hoje já é há muito insuficiente para nossas demandas. Estamos com a portaria principal de nossa faculdade fechada há mais de 1 ano, não temos seguranças suficientes em nosso Campus, nosso complexo esportivo vem se sucateando, nossas salas de aula também. Nossas possibilidades de negociação se exauriram e num período inferior a 15 dias estaremos interrompendo nossas atividades e as do HOSPITAL DE BASE, nosso Hospital Universitário, maior hospital público do interior do Estado e que atende a uma população de mais de 2 milhões de habitantes(São José do Rio Preto e mais de 100 cidades vizinhas).

O aluno de Medicina na FAMERP é o aluno mais barato(considerando-se nossa verba) dentre as outras instituições de Medicina do Estado. Isso não nos impediu porém de ter sucessivas excelentes classificações no ENADE, que classificou a Famerp como a única Faculdade Estadual do país a obter nota máxima no índice geral de cursos, estando apenas atrás do ITA(Instituto tecnológico da Aeronáutica) no Índice Geral. Além disso, possuímos hoje o segundo maior Hospital Universitário do país, ficando atrás apenas do Hospital das Clínicas de São Paulo. Recebemos esse ano também o prêmio como melhor maternidade pública do Estado de São Paulo, além de diversos outros prêmios que viemos recebendo. Nosso complexo de Pesquisa foi recentemente conceituado como o mais produtivo do Estado, com o maior número de pesquisas por docente doutor. Isso tudo foi obtido com o empenho dos alunos e médicos da Instituição para seu engrandecimento, além do custeio por parte de uma Fundação de apoio à Faculdade. Entretanto, há tempos que a verba aqui é insuficiente. 

Outro problema seríssimo que enfrentamos é a situação de nossos professores e funcionários. O Governo não tem aprovado concursos públicos para Docentes nem para funcionários dentro do complexo. A situação vem ficando crítica e fomos muito precavidos até o momento, mas a realidade agora é outra. Daremos um prazo de 15 dias para o Governo resolver nossos problemas de Verba, da aprovação do Concurso para técnicos-administrativos e para resolver a recente tentativa de retirada de Autonomia Universitária que nos é dada. Caso dentro desse período nossas reivindicações não sejam atendidas, iremos interromper as atividades de aulas, pesquisa e o funcionamento completo do Hospital de Base, o que irá afetar significativamente uma grandiosa população, com diversas pessoas sem atendimento médico.

O que observamos aqui é que se entrava cada vez mais o desenvolvimento de uma Escola de Medicina e Enfermagem que tem um potencial absurdo de desenvolvimento educacional, assistencial e de pesquisa, diferente do que é observado na cidade de São Paulo e Campinas, onde a Medicina da USP e da UNICAMP, obtêm apoio e custeio para seus diferentes projetos na área de Saúde e Educação.

Recentemente, tivemos dentro de nosso complexo também a construção do Hospital da Criança, que se torna o maior Hospital Pediátrico da América Latina em número de leitos e o maior hospital 100% SUS do país. Entretanto, esse Hospital encontra-se fechado com a obra já concluída e sem previsão de inauguração!

Faço esse apelo pelos meus colegas e professores e por uma Instituição que vem superando as barreiras e conseguindo mostrar que o SUS funciona ainda no país e que o atendimento humanizado e de excelência gratuito ainda existe no país. Entretanto, essa realidade está com os dias contados, já que a Instituição corre risco de fechar suas portas por falta de apoio Governamental. Atendemos a uma população importante do Estado em números e não queremos interromper esse serviço que salva milhares de vidas diariamente e evolui em produção de conhecimento e em assistência médica. A situação é crítica e faço a vocês esse apelo, como programa sério de Informação e apoio à Sociedade.

Em nome da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e do Hospital de Base, agradeço muito a atenção de vocês!"

Fica aqui meu agradecimento.

Estou tentando por aqui por acreditar no poder de comunicação da internet e dos blogs. E também por desacreditar no jornalismo de esgoto, sensionalista, que vai acobertar as denúncias contra o governo tucano no estado de São Paulo.

Gostaria que esse pedido direto e pessoal surtisse efeito.

Me disponho para esclarecimentos e sugiro a quem queira saber mais sobre o assunto que leia alguma reportagem da mídia de São José do Rio Preto e região nos próximos dias e semanas, procure pela hashtag no twitter #famerpagoniza ou no facebook. Ou entrar em contato com a diretoria da FAMERP e com o Centro Acadêmico da Medicina ou Enfermagem, para um retrato real da situação.

Para contato: 

- Facebook do Centro Acadêmico da Medicina FAMERP

http://www.facebook.com/profile.php?id=100002892931691&sk=info

- Site:

http://caez.org.br/

A coluna de 1998

Inviabilizando o SUS viável

Compare os números. Numa ponta, o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo (mas poderia ser qualquer outro hospital ligado a escolas públicas); na outra, a Funfarme (Fundação da Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto).

  O HC faz 140 mil atendimentos por mês; a Funfarme, mais de 100 mil;
  O HC custa, em média, R$ 30 milhões mensais; a Funfarme, apenas R$ 3,5 milhões;
  O HC tem 2.000 leitos; a Funfarme, 500;
  O HC 10 mil funcionários; a Funfarme, 1.600;

O dinheiro do HC é bancado pelo governo estadual; o da Funfarme é bancado integralmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Não apenas isso. Com o dinheiro do SUS e outros convênios, sem nenhum outro aporte de recursos públicos, além das mais de 100 mil consultas mensais, a Funfarme registra 2.500 internações mensais, 2.000 cirurgias cardíacas, neurocirurgia, cirurgia geral, hemodiálise, UTI (a mais moderna em hospitais conveniados com o SUS), transplante de rim, córnea, medula óssea e, em início de operação, transplante de fígado, coração e pulmão, com sobra de dinheiro para investimento.

Em novembro, inaugurou a maior e mais moderna emergência do país, com 5.500 m2, 87 leitos e quatro UTIs. Em março, irá inaugurar um centro de alta complexidade, com 2.800 m2, oito andares, centros de hemodinâmica de transplante, de hemodiálise, de obstetrícia, nova UTI e novo centro cirúrgico para transplante.

Não bastasse tudo isso, aplica R$ 150 mil nos cursos de pós-graduação e de pesquisa na faculdade de medicina.

Não à estadualização

Durante anos, a Funfarme denunciou as práticas das escolas médicas públicas às autoridades responsáveis. Nelas, o governo é responsável por todas as despesas, bancando inclusive os vencimentos de funcionários e médicos.

O dinheiro advindo do SUS e outros convênios, no entanto, fica com uma fundação criada nesses hospitais públicos, que distribui os recursos sem dar satisfação ao governo e sem preocupação com as despesas.

Até 1994, a Funfarme era a Fundação da Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto, que compreendia a faculdade de medicina, curso de enfermagem, hospital de base, ambulatórios, pronto-socorro e dois postos de saúde.

Com a não correção da tabela do SUS, a Funfarme foi perdendo capacidade de investimento. Em setembro de 1994, houve a estadualização da faculdade de medicina e enfermagem, que passou a se denominar Famerp. Mas a fundação não quis estadualizar o complexo hospitalar, e jogá-lo na vala comum dos hospitais de escolas públicas, perdendo excelência e aumentando custos.

O complexo hospitalar manteve o nome de Funfarme, e continuou entidade particular de caráter filantrópico, definindo estatutos e convênios que disciplinaram a relação com a faculdade de medicina, com gasto mínimo da parte do governo.

Ao longo desse tempo, a Funfarme conseguiu demonstrar cabalmente que o SUS pode oferecer alta resolubilidade à população, a um preço ínfimo.

Com toda essa eficiência, no entanto, seu futuro está ameaçado. Em cima do argumento de que o dinheiro aplicado no sistema leva ao aumento de desperdício, o governo impôs cortes ao SUS, mesmo depois de aprovado o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira). No caso da Funfarme, os cortes atingiram 20% do orçamento pago.

O dinheiro que é pago hoje pelo SUS é incapaz de garantir a viabilidade daquela que é provavelmente a mais eficiente estrutura hospitalar de escola pública do país.
O que se quer? A pretexto de coibir o desperdício, quebrar toda a rede do SUS?

Nenhum comentário:

Postar um comentário